É inegável o avanço dos processos de comunicação e interação entre as pessoas nos últimos vinte anos, sobretudo. Rapidez nas mensagens, multiplicidade de fontes de notícias, aplicativos que não acabam mais, agendas eletrônicas, efeitos sonoros para tomar água, para contar o número de passos, despertador musical, controle de som e luz por comando de voz, portarias de prédios inteligentes, tudo junto, ao mesmo tempo. Socorro!
Afetos e cobranças
Grupos de Whatsapp para facilitar a comunicação entre amigos e colegas, cada vez mais, ao invés de aproximar, pode acabar gerando conflitos bobos e até mesmo afastar velhos amigos. Namorados ciumentos, ao mesmo tempo, que enviam frases apaixonadas e figurinhas engraçadas/irritantes de “bom dia”, esperam receber retorno quase que instantaneamente. Se há demora, há desconfiança. Cobranças desnecessárias. Fluidez virtual-real. Uma amiga convidou suas colegas, pela manhã, em um grupo virtual, para sair à noite e ficou esperando. Ninguém respondeu. Por que será? Pausa dramática. Mas o grupo não era para facilitar a vida? Oremos. Batuquemos. Com a maior boa intenção fiz grupo virtual para auxiliar aos alunos. Sexta-feira, à noite, uma aluna envia cinco mensagens de texto cobrando retorno de um texto avaliativo para segunda-feira. A tarefa era para ser enviada até quarta-feira. É sério isso?
Social-virtual
A grande maioria das postagens nas redes sociais é positiva, remete a momentos de celebração, conquistas, pensamentos motivacionais ou simplesmente, destaca paisagens, músicas ou imagens bonitas, agradáveis. Deveria ser bom, mas não é. Grandes amigos não “curtem” as postagens de alguns amigos. Aquele amigo que só posta “coisa boa”, todos os dias, acaba irritando os outros que não têm nada de bom a postar. Como fugir da comparação? A felicidade dos outros, incomoda? Alguns irão dizer: “Não posto porque não tenho necessidade de expor a minha vida...” No entanto, estão sempre conectados, “na moita”, acompanhando a vida dos outros. Rio. Quando alguém tem coragem de desabafar e posta alguma situação negativa ou de sofrimento, mostrando que a vida nem sempre é “perfeita”, logo sofre críticas do tipo que ali “não é lugar de lavar roupa suja!” Desisto. Inspira, expira, não pira.
Inteligência artificial
Professores de português, de filosofia e das áreas sociais e humanas, em geral, estão em alvoroço. Antes, além de corrigir seus trabalhos, gastavam mais tempo verificando se os alunos não fizeram plágio “da internet”. E agora, como saber se os alunos escreveram seus próprios textos? Quando a malandragem leva à ignorância, o que fazer? Como fica o processo criativo e reflexivo de um aluno ao fazer suas tarefas? Como problematizar três referências de outras autoras, sem copiá-las? Um professor de escola básica “revolucionou” suas avaliações: passou a fazer provas orais, isso mesmo, resolveu o problema. É, somos muitos modernos, mesmo.